O Tempo e a Educação

Escola Ágora

Escola Ágora

Entre as funções cruciais da educação para o futuro, estão a de resistir e de criticar. Resistir aos apelos mágicos do imediatismo e criticar a educação que privilegia o aparato tecnológico como a grande via para aquisição de conhecimento, deverá ser, sempre, a postura do verdadeiro educador “Educação é a arte de transformar a sociedade”, dizia o grande filósofo Ortega Y Gasset. “Transformar” é ação bem distinta de “reproduzir” ou de “confirmar” tendências sociais ou mercadológicas. E, o tempo? Bem, os homens precisam dele para acomodar novas informações dentro de si; necessitam de mais tempo, para combiná-las com outras que já possuem; requerem outro, ainda, para rearranjá-las e recolocá-las em outros espaços internos; finalmente, demandam um outro período, para organizá-las como idéias, palavras e frases e devolvê-las à sociedade… Afinal, se aprender fosse apenas colecionar e memorizar informações, para que serviriam os computadores?!

Aprender a ser cidadão, por exemplo, também necessita de tempo… De que adianta a escola promover projetos de cidadania, se oferece apenas quinze ou vinte minutos de horário livre para seus alunos, durante todo o período em que eles permanecem na escola?! “Convivência” é uma matéria complicada, muito mais que Português, ou Matemática, leva muito tempo para se aprender, requer muita aula prática…

Fazer contato consigo mesmo, através da reflexão; relacionar-se com o outro, através da experiência coletiva; dizer suas próprias palavras, expressando suas idéias próprias, serão instrumentos indispensáveis para a construção do homem do futuro. Esses instrumentos somente poderão ser adquiridos através da resistência e da crítica a essa sociedade que não pára nunca (porque não tem tempo), que pensa pouco (porque não se dá tempo) e que sente quase nada (porque não quer perder tempo). É preciso garantir e manter, acima de tudo, o tempo da educação…

Terê Fogaça de Almeida

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