EMPREENDIMENTO

“Empreendimento”, foi nosso projeto do ano 2008, porém é tema constante no nosso cotidiano escolar, apresentando-se como busca de um antídoto a essa aprendizagem da sala fechada, da permanência constante no próprio lugar, da invisibilidade do outro (na escola tradicional, olha-se para as nucas dos companheiros de trabalho, diante das máquinas, para as telas), do inchaço do cérebro e do endurecimento do coração e dos membros.

Resumindo, é a convocação de nossas crianças e jovens ao fazer, ao realizar, ao levantar-se das carteiras e refletir, projetar, determinar, construir, usufruir, preencher-se, saborear, enxergar o produto do próprio trabalho – perceber, enfim, que sua ação faz diferença. É quando o homem constrói, cria, que se sente no mundo, que experimenta a boa sensação de ser parte de, de contar e ser importante para a sociedade em que vive.

Terezinha Fogaça de Almeida


TUBOS SONOROS – O projeto de construção dos tubos sonoros teve como objetivo realizar um empreendimento prático com os alunos que estivesse relacionado com as operações entre frações . Investigamos a relação entre as sonoras das notas musicais e as dimensões dos tubos de PVC.

A partir desse conhecimento, os alunos cortaram e montaram os tubos, englobando todas as notas da escala natural.


CONSTRUÇÃO DE TABULEIROS – Construir é uma brincadeira pedagógica. Exige planejamento. É preciso idealizá-la, calculá-la, recortar, demarcar, pregar, colar, pintar e convidar um colega, que se colocará adverso, para uma experiência lúdica e social.

Mário Hata


FAZER MATEMÁTICA BALANÇANDO – Cada aluno elaborou um projeto, levando em conta a forma, os materiais e o espaço onde gostaria que o balanço fosse construído.

Esses projetos iniciais transformaram-se em modelos em miniatura, quando eles se depararam com algumas questões: como prender a corda no assento e na árvore ou estrutura, de modo a manter o balanço em equilíbrio? Em seus projetos-piloto, o balanço ficava torto, pendendo ora para frente, ora para trás. Fomos, então, em busca de alguns modelos e, assim, observaram que a amarração tinha que ser muito bem cuidada: colocada em duas extremidades do assento, mas no meio da medida de sua profundidade; ou, amarrada nas quatro pontas formando um triângulo a cada duas pontas.

Isso feito, pedi a eles que andassem pela escola, com lápis e prancheta, para estudar o melhor espaço para essa construção. Alguns alunos fizeram, inclusive, uma planta baixa da escola para indicar o local escolhido. Coletivamente, decidimos pela mangueira e, então, fomos fazer os testes dos galhos.

Projetar, medir, testar, serrar, cortar, amarrar… Todos esses saberes participaram desse empreendimento. Mas, sem dúvida, o que de mais interessante as crianças viveram foi essa leveza, essa entrega, essa comunhão com Deus (seja ele o que cada crença permitir!) citada por Rubem Alves.

Elisabete S. Costa


“Balanços, pra existir, precisam de árvores grandes com galhos fortes ou armações de madeira. (…)
É impossível balançar sem se sentir leve e com vontade de rir. Balanço é terapia contra depressão.
Lembrei-me do que disse Nietzsche: o Diabo nos faz graves, solenes, pesados; faz-nos afundar.
Deus, ao contrário, dá leveza e nos faz flutuar. Concluo, então, que o balanço é um brinquedo divino,
por aquilo que ele faz com a gente. Balançar num balanço é uma forma de rezar, de estar em comunhão com Deus.”

Rubem Alves