Fazenda Ibicaba, Fazenda Santa Gertrudes e Bairro Santa Olímpia
Com a palavra, alguns alunos, do sexto ao nono ano.
“Já a primeira vista, percebia-se que o foco da Fazenda Ibicaba não era a riqueza estética. Olhando ao redor, via-se que não houve processos de restauração intensos, o que, para mim, revelou-se como algo interessante, pois mantinha a essência do local, mantinha a história viva, nua e crua. É “entretedor” pensar que os diferentes espaços da fazenda estavam dispostos daquela maneira por certos motivos estratégicos, ou, até mesmo, simbólicos, como, por exemplo, a casa-grande, que estava mais perto da capela do que da senzala, ou ainda, mais obviamente, a tulha (onde se guardava o café) estar construída em cima da senzala. (…) A ostentação de poder também estava bem evidente nas principais edificações. Mesmo embora a tulha fosse estruturalmente bem planejada, era notável que muito mais recursos haviam sido gastos na fachada da casa-grande, por exemplo. Lá, havia palmeiras imperiais, presente pessoal de Dom Pedro II, e vidros expostos nas janelas, sinal de prestígio e poder. Não só isso deveria ser bom para a reputação da fazenda, mas também, para deixar ainda mais clara a separação entre senhor e trabalhadores.”
“Chegamos ao topo.
Dá para ver tudo o que o sol toca.
O controle é grande: o mirante exerce soberania sobre o cafezal.”
“Naquele chão que estávamos pisando, escravos dormiam amontoados, sem enxergar nada. É horrível pensar que alguém teve os seus direitos tomados por outra pessoa, mas, pior é se colocar no lugar dessas pessoas e por que isso? Uma coisa simples: uns eram africanos, outros europeus. Assim como os escravos derrubaram suas lágrimas naquela terra pisada, nós derrubamos as nossas. E saímos de lá sabendo que é com os erros do passado que consertaremos os de hoje.”
“O Brasil carrega muito de muitos lugares e, mesmo com todo o sofrimento, todas as injustiças, maus-tratos, sem tudo isso, não seríamos o que somos hoje.”
“O bairro Santa Olímpia foi criado por imigrantes tiroleses. Eles vieram de um lugar ao norte da Itália, na fronteira com a Áustria, que era passagem de muitos viajantes, vindos de muitos lugares. Algumas famílias de outros países foram morar nessa região, espalhando um pouco de sua língua e cultura. E assim, já aqui, no Brasil, foi criado um dialeto, uma mistura do italiano, francês, alemão e latim. Eles mantiveram a língua e outras distrações, como transmitir recados pelo sino.”
“Fomos convidados a conhecer a igreja pela águia, na fonte. Como nos explicou Ivan, a águia não olha para a igreja para não dar as costas para os visitantes, e não olha para os visitantes para não dar as costas para a igreja, ficando, assim, no meio, ‘convidando quem chega para conhecer a igreja’, que, por sua vez, carrega energia, cultura e história como em nenhum outro lugar.”