Pequeno mosaico dos relatórios metalinguísticos – 9º ano – 2015
Maria Clara Pereira Ciochetti
“O relatório diário, ou semanal, marca registrada da Escola, é um dos componentes que diferenciam a Ágora de outras instituições. Os alunos, aqueles que realmente fazem essa lição, muitas vezes reclamam do trabalho que é fazê-la, além da sua aparente “falta de finalidade”, em suas próprias palavras. Admito que, alguns anos atrás, no sexto ou sétimo ano, também pensava assim, mas agora compreendo sua importância. Mas, antes de entrarmos nesse assunto, vamos começar do início: o que é o relatório?
O relatório é uma lição de casa em que os alunos devem descrever e detalhar os dias e as aulas que eles tiveram ao longo da semana. A partir do sexto ano, há a possibilidade de passar para o relatório temático, que foca apenas um aspecto das aulas (ou, como para nós do nono ano, é um texto corrido sobre algum tópico, como este que você está lendo). A Terê, fundadora desta escola, implementou essa dinâmica de escrita a partir dos primeiros dias da Ágora, e ela prevalece até hoje.
É muito importante, por exemplo, para os alunos menores, que estão aprendendo a ler e a escrever. Isso ajuda a fixar as aprendizagens das aulas, pois é um exercício no qual as crianças devem escrever palavras e frases que criam em suas cabeças. Como o conteúdo do relatório foca bastante as sensações e os aprendizados do escritor, é um jeito de se auto avaliar em relação à sua própria participação nas aulas e de separar mais claramente aquilo efetivamente aprendido e as dúvidas.
[…] Para os maiores que, após anos de experiência, esse tipo de reflexão é um fator internalizado no pensamento, passamos a ponderar questões mais introspectivas, dando assim um maior espaço para o desenvolvimento de ideias e opiniões mais pessoais, além de exercitar, colocar as ideias de uma forma organizada e fazer um texto coerente.
[…] Portanto, aqueles longos anos e escrita do relatório antes de chegarmos ao nono ano, nos prepararam para podermos desconstruí-lo e remontá-lo de uma forma mais livre e, assim, mais autêntica, o que é um fator muito importante e, ao meu ver, um dos objetivos do relatório.
[…] Por mais que reclame da “inconveniência” de fazer o relatório, e por mais que reclame de como estou cansada demais para fazê-lo, penso nos anos que virão. A menos que me decida ser uma escritora, não terei mais tantas oportunidades para desenvolver minha escrita de um jeito tão livre e encorajador e, por isso, sentirei falta de fazer o relatório, sentirei falta do pequeno caderno verde que me é entregue todas as sextas, que demora tanto para começar e acabar. Sentirei falta dos bilhetes e das conversas, de ler textos de meus colegas em que eles próprios desenvolvem suas ideias e opiniões de forma pessoal. É, pessoal, por mais que reclamemos de tudo, sentiremos falta desse mundinho que criamos e tudo dele, as esquisitices e as peculiaridades também!”
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Manuela Guimarães Labigalini
Minha Resenha de Logicomix
Ao ler esse livro, percebi que há, talvez, questões irrespondíveis… Portanto, qual a importância de estar certo ou errado, uma vez que pode não haver certo ou errado? Há questões matemáticas que são certas e erradas ao mesmo tempo. Afinal, qual a lógica de querer estar certo? Para a verdadeira resolução de um problema “deve-se dar voz as duas partes”, como disse Russel quanto à sua questão sobre tomar partido na guerra.
Achei o livro muito divertido: ser uma história em quadrinhos ajuda o leitor a visualizar a situação e a época em que se vivia.
Essa leitura foi uma experiência interessante e, com certeza, inesquecível. Agora, como nunca, compreendo o “outro lado” da Lógica e da Matemática. Meus antigos argumentos, assim, soam falsos e fracos em meus ouvidos.
Lucas Corbucci Caldeira Nasi
8ª série, 2005.
Acomodo-me em meu assento, abro o meu caderno, folheio suas páginas, acho o último bilhete, leio, releio, releio, releio… Pego minha caneta e escrevo o cabeçalho; paro: penso, penso, permito a minhas idéias passarem na minha imaginação, elas fluem vagarosamente…
Enfim, tenho uma idéia inicial; com medo de perdê-la, escrevo uma escrita sem pausas:
Desde a minha primeira frase a essência do processo de produção do texto é a mesma. Porém, os pensamentos, sensações e sentimentos foram se modificando conforme o passar dos anos. Ter a oportunidade de amadurecer minha escrita em longas etapas, em oito anos, é extremamente importante, pois é essencial que, como ser humano, eu saiba me expressar, me colocar e ser um profissional que faça diferença no mundo.
Apesar das reclamações e dos sentimentos que nos tentam a deixar de valorizar o relatório, foi gratificante perceber com clareza o meu crescimento em todos esses anos. Sinto-me orgulhoso como aluno da escola Ágora, pois com essa prática semanal de relatos adquiri uma maior facilidade de expressão, não só na escrita, porque esse processo desenvolve também uma habilidade de ser fiel aos seus sentimentos, quando são expostos. Esse aprendizado levarei prá toda minha vida…
“O pensar Ágora. A convivência Ágora. O desenvolvimento Ágora… Formaram-me.”
Anita Pompéia Soares
8ª série, 2005.
Durante sete anos, dos oito que passei aqui na Ágora, o dia do último relatório era um tanto “aliviante”, pois eu entrava em férias em apenas alguns dias e enquanto elas durassem, não teria mais que fazer rotineiros relatórios. Hoje, isso para mim é diferente, pois sinto um certo incômodo, ao pensar que este é o meu último registro…
Quando eu estava na primeira, ou na segunda série, ficava imaginando quantos relatórios ainda estavam por vir. Isso, para mim, representava uma eternidade; muitas vezes, tentava entender qual era o porquê daquele registro. Hoje, acho que seu objetivo foi desenvolver nossa produção escrita; cada vez mais fazer com que cometêssemos menos erros, de concordância, ou ortografia, principalmente, naquelas palavras que usávamos rotineiramente, como: saída, hoje, hora livre, almoço, entre outras. Outro motivo que traz importância ao relatório é o de aprendermos, ao longo do tempo, a fazer textos descritivos, narrativos e, mais tarde, dissertativos. Por fim, uma última razão, talvez, um dos mais importantes, é o fato de podermos, através deste relato, apresentar nossos comentários e opiniões sobre qualquer tipo de experiência vivida.
Acho que desenvolvi um pouco de cada um desses aspectos, apesar de apresentar certa dificuldade em alguns deles, como, por exemplo, fazer um texto dissertativo, ou prestar mais atenção àquilo que escrevo para não cometer erros dispensáveis.
Vou levar para a vida isso que adquiri e espero ter cada vez mais oportunidades para melhorar, desenvolver e aperfeiçoar minha produção escrita.
Yann Harkot De La Taille
4ª série, 2005.
O Fim
Hoje vou fazer meu último relatório, vai ser o fim de uma lição que comecei a fazer na primeira série, num caderno de desenho, quando um relatório era:
Na aula da Leo nós desenhamos. Na aula da Leo ela leu uma história chamada… E assim foi, até que os relatórios foram melhorando, e eu comecei a fazê-los num caderno de capa dura, porém, eles não eram muito elaborados.
Na segunda série, os relatórios diminuíram muito, porém, nem assim eram elaborados. Aqui tenho um caderno da segunda série e tem um relatório assim: Na aula da Tânia, nós e ela fizemos uma história inventada, ela escreveu e nós inventamos. Na terceira série a minha letra melhorou muitíssimo, e os relatórios ganharam mais elaboração, porém, não eram muito bem escritos e não tinham comentários. Na quarta série, os relatórios ficaram bem descritivos, e só há pouco tempo, ganharam bons comentários.
A minha expectativa para a quinta série, é conseguir fazer bons relatórios semanais.
Lucas Corbucci Caldeira Nasi
1ª série, 1998.
Desde o comecinho do ano até agora
Quando eu entrei na escola Ágora, eu não fazia coisas difíceis porque a professora, a Leo, achava que a gente não ia conseguir, então, era fácil para mim. Mas depois, foi ficando difícil, mas em compensação, eu fui aprendendo.
No começo, eu não sabia ler, então, eu fui treinando, treinando e agora posso ler livros sozinho. Antes eu tinha preguiça de fazer relatórios, então, eu fazia relatório curto. Mas agora, eu estou fazendo a lição boa e comprida.
Anita Pompéia Soares
1ª série, 1998.
Como foi nessa série
Nessa série, eu aprendi um monte de coisas, uma trilha de coisas mesmo. Primeiro, eu não sabia ler e escrever e agora eu sei ler e escrever. Antes eu fazia desenhos diferentes e agora muito melhores. Antes eu quando ia escrever eu pulava palavras, agora não. No começo do ano falavam que ia ter uma viagem e eu não sabia se eu ia ir.
E acabei indo, foi mesmo legal essa viagem. No começo do ano, a primeira série e a segunda série foram assistir um filme que se chamava o balão vermelho e foi tão legal quanto a viagem. Esse ano foi muito legal.