Espaços e tempos naturalizados para crianças e jovens

“Educação é a arte de transformar a sociedade”, disse o filósofo Ortega Y Gasset (arte, e, não, técnica ou ciência; transformar, e, não, educar, ou, instruir). Dessa forma, a boa Escola, aquela desejável à sociedade do futuro, é a que oferece o que está faltando à sociedade, as ferramentas, os instrumentos necessários às desejadas mudanças futuras.

Já em seu início, há cerca de quarenta anos, a Ágora oferece a possibilidade de seus alunos conhecerem e ocuparem seu espaço físico natural. Oferece bem mais, porém: tempo, elemento essencial à construção dessa convivência. Nossos horários livres são tempo de aproximação, descoberta, investigação, negociação, troca, enfim, de exercício de coexistência. Afinal, o que é um lugar sem tempo para vivê-lo?

Não há mais grandes reuniões familiares, nem brincadeiras de rua para crianças e jovens experimentarem o convívio entre diferentes, constituírem repertório social, aprenderem que a diversidade é fundamental à nossa formação de ser humano mais íntegro. Recuperando a função da Escola, inicialmente explicitada, ela deve encarregar-se dessa missão, que chamo de Alfabetização Social.

As salas abertas da Ágora, assim como seus espaços múltiplos – construídos ou adaptados –, existem para promover, para favorecer o encontro humano: a sociabilidade, a circulação natural de crianças, jovens e adultos foram objetivos da Escola desde sempre, foram condições essenciais ao desenho dessa cartografia social e afetiva traçada há décadas por mãos e pés de todos que aqui andaram.

Sustentar tempos e espaços naturalizados, sem campainhas, sinos, adultos vigilantes foi, é, e continuará sendo marca humanizada e humanizadora de nossa trajetória.

Terê Fogaça de Almeida

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